Pátria que me pariu

Nomes

Ao assistir a mais uma das façanhas do setubalense Mourinho no último fim de semana me dei conta do segundo nome do lateral direito do Inter e da minha selecção (a canarinha, claro!) ser Douglas, ou seja, Maicon Douglas. Conhecendo a criatividade e a permissividade do registo civil brasileiro como conheço, percebi logo que toda e qualquer semelhança com o nome Michael Douglas não poderia ser coincidência, e a wikipédia confirma:

O nome de Maicon, foi sugerido por sua mãe, adotou para o filho o nome de Maicon Douglas em homenagem ao ator norte americano Michael Douglas, assim como seu irmão gêmeo Marlon que é uma homenagem ao também ator norte americano Marlon Brando.

Nada de estranho, num país em que o melhor marcador do campeonato baiano era o Allann Delon, que hoje em dia joga no Brasiliense, clube por onde também pontificou um avançado de seu nome Creedence Clearwater. E quem não se lembra do rijo defesa central que passou pelo Sporting há uns anos, Gladstone?

Tirando as homenagens, ainda é possível encontrar, só no campeonato brasileiro, assim de cabeça, Richarlyson, Jancarlos, Maicosuel ou Sheslon.

Extrapolando o domínio futebolístico, encontramos coisas verdadeiramente escabrosas, como nesta lista, aparentemente verdadeira (e acredito piamente nessa aparência): Brandamente Brasil, Disney Chaplin Milhomem de Souza, Espere em Deus Mateus, Tospericagerja (em homenagem à seleção do tri: Tostão, Pelé, Rivelino, Carlos Alberto, Gerson e Jairzinho), e por aí vai.

Eu conheço pessoalmente um rapaz chamado Benetton, gente boa.

É um país à parte.

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Pátria que me pariu

Tou perdendo o meu sotaque PORRA!

Antigamente, quando as pessoas me conheciam, ficavam surpresas por uma de duas: eu não ter “cara de brasileiro”, e conseguir não perder o meu sotaque estando em Portugal desde os 5 anos de idade. A primeira parte eu pacientemente contrapunha com o facto de não fazer sentido nenhum existir uma “cara de brasileiro” padrão num dos países mais multi-étnicos do mundo; a segunda, eu orgulhosamente defendia com a convivência familiar e com o orgulho nas minhas raízes.

As coisas mudaram e aqui estou eu me rendendo às evidências. Se antes eu ainda me conseguia defender do “já não tem quase sotaque não é?” das pessoas com quem me cruzava esporadicamente com um “você é que não me ouviu falar muito ainda”, agora nem a mim próprio consigo enganar. Se num dia ou outro eu soava mais português, na escola ou no trabalho, no aconchego do lar me refugiava sempre tranquilamente com o meu sotaque (mais ou menos) carioca. Agora, nem isso.

Se há coisa que sempre me irritou foram os portugueses dando uma de engraçadinhos a forçarem horrivelmente o sotaque brasileiro e até a dizerem “para nós é fácil não é?”, e agora dou por mim tendo que forçar o meu próprio sotaque, que de meu já pouco tem! Estou fadado ao destino do meu pai, uma mistela de madeirense com continental com carioca cuja proveniência é impossível dissecar a “ouvido nu”.

Porque é que isso de certa forma me entristece? Porque na minha humilde opinião o sotaque brasileiro é muito, mas muito mais bonito, e além do charme que se desvanece, some um bocado da minha identidade, já de si precária: lá não sou de lá, aqui não sou daqui.

Sintomas de não visitar a terra onde nasci há mais de 10 anos… Fica pra pensar.

Para verem o quanto as minhas ideias viajam na maionese, me veio isto tudo à cabeça vendo este top de frases do rei Romário, exemplo nato do sotaque “carioquês”.

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Pátria que me pariu, Sonoridades

Seu Jorge

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Grande noite de sexta. É a primeira vez que vejo o homem ao vivo, e só posso recomendar a quem tiver a oportunidade de fazê-lo, que não a perca.

O Jorge Mário é neste momento um dos artistas brasileiro em melhor forma. Ele agora viaja com uma banda de 14/15 elementos, o que o deixa ainda mais solto em palco. Soltíssimo, sempre.

Começou muito calminho, os hits mais recentes América do Norte, Trabalhador Brasileiro, a banda e o público meio que estranhando, mas aos poucos foi aquecendo para duas horas e meia electrizantes.

A determinado momento, Seu Jorge pergunta por um fã que tinha lhe “passado um e-mail pedindo um favor”, e pede-lhe que sobe ao palco. O objectivo do homem era pedir a amada em casamento, e foi cumprido, com direito a champanhe e tudo. Moral.

A partir daí foi sempre em crescendo, começando com Seu Jorge sozinho na guitarra esgalhando aquelas belas versões do David Bowie (acho que desta vez foi Live on Mars e Rebel, não houve a minha preferida sufragette city), e passando pelos momentos que mais gostei: o clássico de Leci Brandão, Zé do Caroço, e a libertadora adaptação do Chatterton do Gainsbourg (PUTA QUE PAAAARIUUUUUUU!). Relembrar Carlinhos Brown com “a namorada” também foi bonito.

Ficou provado que os melhores momentos são sempre os mais simples. No caso de Seu Jorge, o simples já é de si complexo, com aquela música retalhada de samba, bossa nova e soul.

Houve direito a um momento especial de três elementos da banda, o “trio preto”, brincando com três pandeiros. Muito banal, mas o suficiente para deixar os tugas malucos.

Aos apelos para que não abandonasse o palco, Seu Jorge respondeu com um inusitado carnaval de outono: um mix de todas as músicas bregas de carnaval: mamãe eu quero, maria sapatão, etc. Os tugas enlouqueceram, uma vez mais. Venham outras.

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Rio 2016 – Yes We CRÉU!

Quem vê este vídeo e não se arrepia é um grande animal.

Excelente pretexto para fazer uma visita à minha cidade-berço. Espero que hajam outras entretanto, que até 2016 já tou careca.

Agora, sejamos honestos: foi uma luta desleal. Com Tóquio e Chicago a arderem logo (nem o Obama safou a coisa), uma final entre Rio e Madrid? Mas brincamos?

Muito trabalhinho pela frente, mas é mesmo disso que a cidade maravilhosa precisa. Ainda acredito, e muito, no meu Brasil, o eterno “país do futuro”…

Agora com licença que vou ali ver se o meu segundo sobrinho já decidiu nascer, que é p’ra poder partir para um fim de semana alentejano com a mais que tudo.

Fui!

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O azul dos teus olhos

A mulher que amo é culpada da crise!

A crise financeira internacional foi criada por “gente branca e de olhos azuis”, acusou ontem o Presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva.

Não se indignem, gente minha. Não é uma questão de atribuir culpa a uma “raça”, mas sim de causar impacto com as palavras. O homem a seguir vai beber umas cachaças com o Gordon Brown, e é uma forma de ser incisivo, de pressionar antes da labuta. Acho bem.

Lula lá! Lula láaaa!

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