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Contadores de Sorrisos

Uma das coisas que mais gosto de fazer é escrever, mas poucas vezes partilho o que escrevo.

Durante a minha habitual viagem Corroios – Sete Rios, sem pretensão nenhuma, escrevi um micro-conto sobre sorrisos, e ele foi seleccionado para o livro de oferta natalícia dos centros comerciais Alegro.

O livro é ilustrado pelo grande Paulo Galindro, o pai do Cuquedo, e neste âmbito os CC Alegro deram um contributo para a causa da Nuvem Vitória, portanto é um orgulho triplo 🙂

Passem pelos Alegro a partir deste fim de semana para apanhar a edição final e conhecer 10 belos contos sobre sorrisos.

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Nuvem Vitória

Já há muito tempo que me queria envolver a sério com uma iniciativa de voluntariado, e quando vi por mero acaso o anúncio de que o projecto Nuvem Vitória estava a chegar ao Garcia da Orta, não hesitei (já agora, o anúncio foi no Facebook, o que me faz ter ainda uma réstia de fé na utilidade das redes sociais).

Nunca tinha ouvido falar da Nuvem, mas foi um match instantâneo, pois é não só algo que adoro fazer (ler histórias), quanto é também num contexto em que infelizmente já me encontrei com a minha filha (internamento pediátrico), e portanto sei na pele da importância da existência de momentos que distraiam e transportem a mente das crianças (e dos pais/cuidadores) para outros lugares.

Tivemos uma formação de dois dias e meio bastante intensa e enriquecedora a vários níveis; na partilha da missão pelos fundadores, nas histórias e na arte de contá-las pelas formadoras, na vontade de dar um bocado de si, de toda a gente em geral.

Hoje aconteceu a primeira acção no HGO, na sexta tenho a minha primeira acção marcada, mas apenas como suplente, a dia 15 de Novembro será a estreia “a doer”, e estou receoso, mas muito, muito entusiasmado.

Vitória, vitória, que comece a história.

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Cinemadas

Joker

Não tinha expectativas nenhumas sobre este filme quando ouvi falar da sua produção, o que só tornou melhor a experiência de ver o resultado final; assim de repente a DC lança da cartola um filme que demonstra que afinal ainda é possível fazer bom cinema com o universo dos super-heróis e da banda desenhada.

Não me levem a mal; comi os últimos filmes todos da Marvel e desfrutei, gosto de um bom filme-pipoca também… mas aquela merda é toda sempre igual, é muito óbvio que perceberam que a fórmula dá dinheiro e vão repeti-la até à exaustão, não os censuro.

Aqui a história foi outra; isto é quase um filme de autor, sem aparentes pretensões de ser incluído em sequelas megalómanas de universos grandiosos, é simples, é arriscado, provoca emoções fortes, dá que pensar… é um filme a sério, com uma interpretação e uma entrega absurdas por parte do protagonista, com várias leituras e questões em aberto, uma atmosfera carregada, intensa, suja, uma série de combinações que muito dificilmente não deixam uma marca forte no espectador.

Poupem a questão de nomear outras pessoas para aquela estatueta dourada e entreguem-na já ao Joaquin.

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Teatradas

Intimidade Indecente

Dois actores enormes, um texto à altura e um sofá, é o quanto basta para termos uma incrível peça de teatro.

Intimidade Indecente é, enquadrando de forma redutora, uma comédia romântica em que acompanhamos a trajectória de um casal (Vera Holtz e Marcos Caruso) que se separa aos 50 anos de idade, e a partir daí vamos acompanhando o envelhecimento e os desencontros de ambos mais ou menos década a década, alternando entre momentos absolutamente hilariantes e outros que puxam a outro tipo de emoções.

Esse envelhecimento não é feito com os recursos de maquilhagem e de computação gráfica que facilitam a coisa no cinema; sem sequer saírem de cena e trocarem de figurino, eles fazem-no simplesmente com a postura do corpo, a alteração da voz e do comportamento. Fácil de tentar, muito difícil de fazer com a mestria com que eles o conseguem.

Já não vão muito a tempo de desfrutarem dela em Lisboa (termina segunda-feira dia 4), mas o pessoal do Porto que aproveite, que vale muito, muito a pena.

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Andanças

Portugal dos Pequenitos

Uma das partes boas de viajar com filhos pequenos é que rapidamente eles esquecem das viagens e podemos repetir que será novidade na mesma.

Apesar do último feriado da implantação da república ter calhado no sábado, não deixamos de usar esse fim de semana tão especial para dar um passeio, e pouco mais de um ano depois voltamos a Miranda do Corvo e ao Parque Biológico da Serra da Lousã, do qual não vou repetir o relato, pois o anterior diz tudo sobre a experiência excelente que tivemos, mais uma vez.

A novidade foi que desta vez estava melhor tempo e aproveitamos para regressar por Coimbra e parar no Portugal dos Pequenitos, onde tanto eu quanto a Irina não íamos há muito, muito tempo, e do qual a única memória que eu tinha é que aquilo parecia-me ser enorme.

Lá está, éramos… pequenitos, e à escala tudo parece grande, hoje em dia surpreendeu-nos a facilidade com que em um par de horas (esticadas) vemos e revemos todo o espaço.

Ainda assim, não deixa de ser uma boa experiência e um espaço muito engraçado e com fama merecida, as crianças adoram deambular pelas diferentes casinhas, igrejas castelos feitos à medida deles. Algumas notas principais:

  • Sim, é Portugal dos Pequenitos, apesar de toda a gente dizer que é dos Pequeninos.
  • A parte da entrada, correspondente às antigas colónias, já não faz grande sentido, com uma imagem completamente imperial/colonialista, com uma estereotipagem brutal dos negros selvagens; no entanto, também não creio que faça sentido mudá-la, pois é tão só uma coisa datada, e o verdadeiro público-alvo, as crianças, não verá as coisas por essa lente.
  • O preço que cobram pelo comboio que dá uma mísera voltinha pelo quarteirão da entrada é um assalto, deveria estar incluído na entrada, que sendo aceitável, não é propriamente barata.

Em suma, não é nada de extraordinário, mas tem a sua mística própria e vale sempre a pena.

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Cinemadas

Variações

Tinha grandes expectativas para este filme, e não saíram defraudadas. Primeiro, porque adoro o homenageado em questão, um artista completamente contra a corrente para o Portugal de então e muito à frente do seu tempo. Segundo, porque adorei a vibe do trailer; por último, e principalmente, porque há uns bons anos atrás vi o Sérgio Praia ao vivo, quando ainda era (para mim) um desconhecido, e já então achei-o um actor do caraças (ele não se deve lembrar mas até veio cá agradecer, o que muito me honrou).

Ele é efectivamente o filme (e segundo consta, muito tempo lutou pela sua produção), fá-lo com uma entrega tremenda, saltitando entre momentos de exuberância (nunca excessiva) e outros de quase contrição, mergulhando-nos completamente na jornada de transformação do cantor António na estrela Variações.

Tudo isto é feito sem o típico endeusamento que é feito nestes biopics, focando-se mais no facto do Variações ser um gajo “normal”, com alguma visão, e que meteu na cabeça que queria ter sucesso na música e não descansou enquanto não o alcançou.

São realidades completamente diferentes, mas digo honestamente que não acho que este filme fique atrás do Bohemian Rhapsody, enquanto cinema, e fosse ele Hollywood e estaria oscarizado.

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Cinemadas

Once upon a time in Hollywood

Já não me lembro há quantos anos não ia ver um filme em noite de estreia, e nada melhor que um do Tarantino para desenferrujar essa experiência.

Segue firme a máxima de que não há um filme dele de que não tenha gostado; diria que, no meu top pessoal, este fica mais ou menos a meio, tendo coisas que adorei e não tendo outras das quais senti falta.

Adorei a atenção aos mais ínfimos pormenores no sentido de retratar fielmente a Hollywood do final dos anos 60; cenários, músicas (a banda-sonora é gigantesca), anúncios, carros… tenho para mim que este deve ter sido um dos filmes que mais prazer lhe deu filmar, sendo um verdadeiro playground para extravasar a sua paixão pelo cinema.

Senti falta dos longos diálogos filosóficos, dos quais houve apenas um cheirinho maior na efémera personagem do Al Pacino (brilhante no seu curto tempo de antena), e de uma pequena criatura de 10 anos chamada Julia Butters que é simplesmente genial.

Adorei a química entre o Brad Pitt e o Di Caprio, e a forma como o primeiro, sendo o “secundário”, roubou (deliberadamente?) a cena.

Senti falta de um daqueles cameos do Tarantino “só porque sim” (há um nos créditos, mas só em voz).

Senti falta das catarses de violência absurdas, mas adorei, mesmo, muito, a derradeira que acontece perto do final, do qual adoraria escrever muito mais, mas que estragaria tudo para quem ainda não viu.

Venha o próximo, supostamente o último.

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Andanças

Alqueva

No mês de Agosto costumamos tentar repartir as férias entre as “nossas” praias da Caparica (que finalmente tem estado em clima de verão) e alguns dias em sítios menos repletos de turistas.

Desta vez a escolha foi a zona em torno do Alqueva, o maior lago artificial da Europa Ocidental. Ficamos na freguesia de Monsaraz, no hotel Vila Planície, um excelente sítio para descansar, com um preço bem razoável para a época altíssima, piscinas separadas para adultos e crianças e pessoal extremamente simpático. Tem também uma parceria com um restaurante muito bom que fica mesmo ao lado, o Restaurante Sem-Fim, um antigo lagar convertido em restaurante, quase um museu pelo muito que conserva do seu aspecto original.

Em Monsaraz há várias coisas a destacar; a praia fluvial e o centro aquático, pequeninos mas muito bem cuidados e organizados, com uma infra-estrutura que é um verdadeiro exemplo do que deve ser uma praia a todos os níveis: limpeza, acessibilidade, apoios, espaços, tudo é agradável, a beleza natural é incrível, a temperatura da água é excelente e a própria praia em si é muito boa, ao contrário de outras praias fluviais não traz dificuldade nenhuma a nível do solo, lodos e afins.

Há também o Castelo, um verdadeiro miradouro privilegiado para a cidade, o Alqueva, o Guadiana e a fronteira com nuestros hermanos, ruas impecavelmente cuidadas e diversos sítios onde comer e beber à grande.

A cereja no topo do bolo foi o Observatório do Lago Alqueva, uma excelente surpresa. O observatório faz parte da reserva “Dark Sky” do Alqueva, certificado como um dos melhores locais do mundo para observação de estrelas; além de por si só o céu já providenciar um espectáculo inesquecível, ainda há este observatório com um telescópio gigantesco que nos permite ver planetas, luas e até uma galáxia vizinha com nitidez. Fiquei verdadeiramente embasbacado com a beleza e a limpidez do céu, não estava à espera de terminar uma viagem ao Alentejo com tamanha viagem pelo universo.

Infelizmente por mais que estivesse entusiasmada, a Carol só aguentou até às 23 e pouco, e só conseguimos ver através do telescópio Júpiter e Saturno, mas ainda assim valeu muito, muito a pena, e de certeza que havemos de lá voltar.

Visitamos ainda outra praia fluvial do mesmo estilo da de Monsaraz, inaugurada recentemente e muito bonita e agradável, na cidade vizinha de Mourão, fizemos a clássica jogada de ir abastecer o carro a Espanha (Villanueva del Fresno) e regressamos pela mítica Évora para abastecer-nos a nós próprios.

Definitivamente, sítios a revisitar.

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Andanças

Barcelona

A última etapa desta nossa viagem de verão foi na Catalunha; com a (semi) volta que demos à ilha não fazia sentido voltar para Cagliari, tendo Alghero um aeroporto ali à mão de semear (a ilha tem três aeroportos, além dos já referidos, também se voa de e para Olbia). Estando Barcelona logo ali do outro lado do Mediterrâneo e mais na direcção de Portugal do que a Itália continental, decidimos juntar o útil ao agradável e conhecer mais uma emblemática cidade.

Não pernoitamos por lá, mas deu para aproveitar bem o dia, porque o nosso voo de Alghero para Barcelona foi logo pela manhãzinha, e o regresso para Lisboa só estava marcado para as 21 (e ainda viria a atrasar mais, como tem sido apanágio da TAP – Take Another Plane).

Desta vez deixamos as bagagens logo no aeroporto, que tem um serviço bastante prático para o efeito, apesar de algo caro: 10€ por cada item, independentemente do tamanho dos mesmos, com desconto de 25% acima de 4 itens. Acontece que tínhamos 2 assentos automóveis de 10€ que compramos no hipermercado para fintar as taxas absurdas do rent-a-car (cerca de 150€ por assentos do mesmo nível), e obviamente não íamos pagar o que eles valiam para guardá-los por algumas horas. Optamos por deixá-los debaixo de uns bancos de uma sala de espera, e quando regressamos à noite lá estavam eles, intactos à nossa espera. Fácil.

A impressão com que ficamos do aeroporto e dos sistemas de transporte de Barcelona é diametralmente oposta à de Roma: o sistema de Metro funciona extremamente bem, está completamente integrado no aeroporto em si (que é gigantesco), e é tudo muito bem sinalizado e com ar renovado. Começamos a visita na Plaça de Catalunya, descemos a famosa e interessantíssima La Rambla, onde comemos umas tapas que nos souberam pela vida (tendo saído de Alghero às 7 da matina, a fome era negra), e aqui descobrimos também o nosso local favorito do dia, de longe: o mercado La Boquería. A beleza das bancadas, a variedade e qualidade de comes e bebes por baixo custo, tudo ali me encantou, e via-me facilmente a ir lá todos os dias, se estivesse por perto.

Como nem tudo são rosas, tanto no Metro quanto no mercado vimos dois furtos de carteiristas, o que nos deixou meio apreensivos para o resto do dia; em cerca de 7 horas a passear na cidade, 2 furtos dá uma média… “interessante”.

Fizemos uma caminhada igualmente épica e inglória até ao Parque Guell, do qual só vimos o exterior, porque não tínhamos marcação e as entradas estavam completamente programadas e cheias, com a primeira a acontecer para dali a muito mais horas do que a as que estaríamos dispostos a esperar, com o calor que estava. Dali um MyTaxi até La Sagrada Familia, que está/estava em obras, mas que não deixa de ser uma obra impressionante.

Ficou faltando (entre outras coisas, obviamente) a zona do Porto Velho e de La Barceloneta e a sua praia, que ficarão para outras andanças.

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Andanças

Itália – Sardenha – Alghero

Alghero foi a última etapa do nosso périplo pela Sardenha, e posso dizer que foi um bonito fecho.

Tendo talvez as piores praias de que desfrutamos na ilha (água ligeiramente mais fria, mais escura, e mar mais revolto), mantém ainda assim uma média elevada, e compensa largamente com o encanto que a cidade em si tem.

O primeiro embate é meio estranho, porque os bairros da entrada da cidade são confusos, de estilo desconexo e até meio degradados, mas toda a zona costeira e principalmente o seu centro histórico emanam uma atmosfera bastante diferente do resto da ilha; mesmo que alguém lá caia sem imaginar que as suas origens são catalãs (antigamente era chamada de “Barceloneta Sarda”), sente logo pelo estilo que algo ali divergiu em tempos.

A melhor experiência gastronómica que tivemos também foi aqui; tentamos primeiro o mais afamado Mabrouk, mas infelizmente não conseguimos reserva para as duas noites em que lá estivemos. Felizmente, e apesar das expectativas estarem em baixo pelas reviews medianas no Trip Advisor e no Google, o Restaurante Mirador foi um excelente surpresa, com marisco e peixe fresquíssimos e elaborados, e uma cozinha agitadíssima digna de reality show culinário (si chefe!). Até o menu das crianças tinha um toque de sofisticação que tornava uns simples panados (se não me engano) em algo bastante apetecível.

Cereja no topo do bolo, os gelados do Igloo, uma pequena cave em que um mestre de gelados com um estilo de cientista maluco serve verdadeiras pérolas artesanais, e faz a delícia dos putos com um também artesanal caixote de lixo falante (!) à entrada.

Nota também para o sítio onde ficamos, um antigo convento tornado em turismo rural familiar, o Alghero Resort Country Hotel muito low profile em comparação com outras opções na cidade, escondido nos arredores (mas a 5 minutos de carro) e com uns hosts espectaculares, que fizeram tudo para que nos sentíssemos em casa, inclusive abrindo a porta da cozinha quando saímos no último dia às 7 da manhã para um pequeno-almoço antecipado com o (ainda assim muito) que estava disponível a essa hora, antes do buffet.

Da Barceloneta Sarda partimos para a verdadeira Barcelona, para uma curta escala antes do regresso a casa.

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