Cinemadas

Dune

Eu podia substituir a parte final da frase seguinte por N outras coisas que a pandemia deixou em suspenso, mas aqui vai: nunca imaginei que ia ficar exactamente dois anos sem ir ao cinema.

Na verdade, já tinha quebrado mais ou menos esse jejum com um filme ou outro em que fomos com as crianças, em horas mortas, mas não é a mesma coisa.

Confesso que neste fui mesmo pelo hype, pois não sou propriamente conhecedor do livro que lhe deu origem nem joguei por aí além o jogo na minha infância/adolescência, apesar das vagas memórias que tenho Dune II serem boas. Fora o falatório que o filme tem gerado, o realizador também me entusiasmou, pois a experiência visual do remake que ele fez do Blade Runner foi arrebatadora.

Esta não só não fica atrás como estica um pouco mais a corda; pode não fazer grande sentido comparar, mas se em grande parte do filme sente-se um pouco da mesma vibe intimista e introspectiva, há aqui uma dose muito maior de grandiloquência, e aquele sentimento quase constante que estamos a presenciar um acumular de tensão que vai desabar num final verdadeiramente épico, que… acaba por não acontecer, e deixa uma expectativa muito grande para a segunda parte, que já se confirmou que irá ser produzida, e que pela amostra (se é que se pode chamar isso a um filme de quase 3 horas) que aqui deram, promete, pois está todo um imaginário muito bem conseguido.

Para ser em grande, experimentei também pela primeira vez ver um filme numa sala IMAX, no Colombo; é sem dúvida um ecrã brutal e que dignifica um filme deste género, mas não tenho a certeza absoluta que justifique a deslocação (sim, ainda não há IMAX no “deserto” aka Margem Sul) e o preço. Fica pra pensar.

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Obrigado, Pai.

Não consigo imaginar a minha vida sem o meu pai… e não preciso.


Mesmo quando esteve distante, em Angola, no Congo, no Azerbeijão, na Rússia e em tantos outros lugares… ele esteve sempre presente, e não será diferente, de agora em diante.


Ele está sempre comigo e em mim. Na paixão por viajar, ler, aprender, conhecer verdadeiramente, sentir… no amor desmesurado pela família, e no quanto fazia questão de o relembrar diariamente… no prazer de ajudar, na resiliência, na paixão pelo Sporting… na capacidade de lutar, de resolver, de recomeçar e dar a volta ao texto (e tantas, mas tantas vezes o fez…)


Viveu pouco, mas viveu tanto, com uma intensidade tal e numa vida que se desdobrou em tantas, que dava vários livros, e quantas mais páginas houvessem mais ele surpreenderia.


Obrigado por tudo. Te amo, sempre, Pai.

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Tudo o que é pequenino tem graça

“Tudo o que é pequenino tem graça”. Era o que dizia sempre que via os bisnetos, fossem os de sangue ou os de coração. Não era só na frase que não fazia distinção.

Dizia-o muitas vezes de sorriso na cara e lágrima de emoção no olho, lágrima fácil, facílima, a herança mais evidente que deixou à neta-filha que amo.

Era apenas um dos inúmeros bordões que usava, uma frase feita para disparar qualquer que fosse a ocasião, sem qualquer filtro. Por mais anos que passassem, nunca deixaria de surpreender com uma nova.

Feitio duro, coração de manteiga, sábio, verdadeiramente sábio, dos que sabia insultar sem ofender. Acolheu-me na família desde o primeiro instante, desde que riu à gargalhada com o meu sotaque ao referir o seu “belenenses”.

Não gosto de elogios fúnebres, mas lembrar a sua grandeza traz-me o conforto possível. Ele queria viver, e fê-lo até onde o permitiram. Em sua memória, simplesmente respeitem esse bicho, de vez.

Até sempre, velho Isaac.

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Andanças

Lamego e Douro

Há muito tempo que queríamos explorar mais a região Norte do país em geral e a do Douro Vinhateiro em particular, e aproveitamos uns últimos dias com sabor a Verão em Setembro para começar a fazê-lo. Foram só três, mas tiveram um gosto muito especial.

Ficamos no Hotel Lamego Hotel & Life; o nome pode não ser dos mais criativos ou bem conseguidos, mas o hotel é espectacular. Bem localizado, confortável, no meio de uma quinta com uma vista incrível, com piscina aquecida e conservando ainda uma parte antiga da quinta que lhe dá um grande charme. Não chegamos a experimentar uma refeição no restaurante Comendador porque andamos a explorar em vez de ficar só no hotel, mas a julgar pelo pequeno-almoço (que bomba!) também deve ser muito bom. Tudo um verdadeiro luxo, por um preço interessante tendo em conta os outros hotéis mais “luxuosos” da região.

A cidade é uma verdadeira perdição no que à gastronomia diz respeito; come-se e bebe-se bem em qualquer esquina, portanto acho que nem vale a pena estar aqui a destacar um restaurante ou uma tasca. Para quem gosta de enchidos é um paraíso, e felizmente ou infelizmente nós os quatro gostamos, e muito.

Além dos enchidos, o outro ex-libris da cidade é o Santuário da Nossa Senhora dos remédios, e foi já no dia de regresso que por lá passamos. A Carol estava curiosa com este imponente monumento que vigia a cidade e disse-nos: “pai, vamos embora sem ver a nossa senhora dos xaropes?”

Confusões sinonímicas à parte, vale a pena a subida, seja de carro ou a pé pelos seus 686 degraus, a vista lá de cima é muito bonita e cada etapa da escadaria tem uma espécie de pátio com estátuas, mosaicos e fontes incríveis.

Passando para a foz do rio Douro em si, e para a zona do Pinhão…. já tinha dito que somos fãs de passeios de barco não já? Numa onda completamente diferente de outros que já fizemos, este é absolutamente deslumbrante.

Marcamos o passeio através do hotel, e foi feito com a companhia Deltatur, com embarque no cais do Pinhão. Nós até gostávamos de ter experimentado o tradicional barco Rabelo, mas em tempos de distanciamento optamos por um barco privado só para nós, e foi uma experiência única. A paisagem do rio pelo meio dos vales e das vinhas a perder de vista é qualquer coisa de mágico, e o nosso guia apesar de jovem era muito castiço e conhecedor da história das diferentes quintas.

O único inconveniente foi que estavam perto de 40 graus e tive pena de não ter ido equipado para dar uma mergulho, mas valeu o vinho do Porto fresquinho servido a bordo.

Para finalizar, passamos pelo Porto no regresso mas muito, muito de fugida, quase que só para não deixar passar em branco sem uma francesinha no clássico Capa Negra. We’ll be back.

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Algarve 2020 – Vale Judeu e Olhos de Água

Já foi em Agosto que estivemos no Algarve, mas só agora que o Verão começou verdadeiramente a dar sinais de querer ir embora é que me lembrei de escrever aqui qualquer coisa sobre as nossas férias.

Já há uns anos que íamos para fora nesta altura, mas por razões óbvias em 2020 ficamos por terras lusitanas. Não nos podemos queixar minimamente, sobre a vida em geral e sobre estas férias em particular, que não deixaram de ser espectaculares.

Estivemos uma semana na localidade de Vale Judeu, numa moradia isolada que alugamos através do AirBnB, e outra não muito longe, em Olhos de Água (não consigo escrever ou dizer este nome sem ouvir o Toy a cantar na minha cabeça…), nos apartamentos da Almondbloom, recomendados (e bem) por um amigo. Dois estilos contrastantes que deram uma variação bem interessante no roteiro.

Vou destacar aqui alguns pontos altos:

Albufeira Velha

Por um lado, foi desolador passear por esta zona em Agosto e ver tudo praticamente às moscas; por outro, foi um privilégio. É difícil abstrair dos motivos que levam a isto, mas nada a fazer senão desfrutar de uma zona de que nunca sequer tínhamos dado conta que existia em outras passagens que tivemos pelo Algarve.

Não é um Algarve imaculado nem livre de adaptações britânicas, mas mantém presente um lado pitoresco e com mais charme do que aquilo que estávamos acostumados a ver.

Passeios de Barco – Dreamwave

Já começa a parecer quase uma obrigatoriedade nas nossas férias de verão, mas a verdade é que adoramos mesmo passeios de barco e fizemos dois nesta viagem, ambos através da Dreamwave.

O primeiro era suposto ser mais relax, num veleiro de estilo pirata com passeio panorâmico e churrascada no almoço. Até acabou por ser, mas por azar marcamos para um dos poucos dias em que apanhamos um tempinho ligeiramente pior e um mar picado que fez com que estivéssemos umas boas horas só a levar porrada das ondas e sem ver nada de especial. Felizmente a churrascada lá aconteceu, numa bela praia quase isolada na zona do Carvoeiro, e acabou por ser um belo dia.

O segundo já foi num barco rápido e o objectivo era encontrar golfinhos, mas por mais boa vontade que o skipper tenha tido, andamos e andamos até onde nos foi possível e eles não quiseram nada com a gente. O ponto alto foram as visitas a diversas grutas, com destaque para a já cliché gruta de Benagil; modas à parte, nunca a tínhamos visitado e é realmente belíssima.

Olhos de Água

A pequena localidade de Olhos de Água tem um encanto especial, assim como a praia do mesmo nome. A praia é minúscula, impraticável para estas eras de distanciamento social e não é de todo das mais propícias para banhos, entre algas, pedras, baixios… mas não sei, gosto! Mais para apreciar e para os passeios noturnos, mas de qualquer das formas há imensas praias mais “praias” a 10 ou 15 minutos de carro.

Depois tem uma mistura de casas típicas e zona mais piscatória, com a praticidade de ter tudo à mão de semear sem ter que pegar no carro, vários lugares onde comer peixe bom e barato (um rodízio de peixe a 10€ em cada esquina!), tudo simples mas para mim um verdadeiro luxo.

Mercado de Loulé

Gosto bué de visitar mercados locais e o de Loulé vale bem a pena. O edifício é histórico e centenário (inaugurado em 1908), está muito bem conservado, e melhor ainda, está cheio de peixe bom, de produtos locais frescos e vende os típicos docinhos do algarve que nós adoramos a um preço bem mais baixo do que nas lojas habituais.

Fiquei tão concentrado em doces, mel e queijos, que acabei por não tirar nenhuma foto de jeito. Fica o Atum gigante acima para memória futura.

Zoomarine

Nunca tínhamos ido ao Zoomarine com as crianças e escusado dizer que eles adoraram, tanto que nos “obrigaram” a comprar o bilhete de segundo dia, que confesso que compensa; por mais 8 euros desfruta-se de mais um dia bem passado.

Sinceramente, não sou muito fã de ver golfinhos ou quaisquer outros animais aquáticos de porte em cativeiro, mas fora essa reserva pessoal (e meio incoerente, eu sei), acho que o parque aquático e as diversões estão muito bem conseguidas, e toda a organização e limpeza relativamente às medidas de prevenção do “bicho” também estavam impecáveis, nunca nos sentimos inseguros.

Dica: não sei bem porquê mas ao contrário do que seria de esperar a afluência é bem menor durante o fim de semana do que no resto da semana.

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Favismo

Pois é, qualquer dia tenho que fazer mesmo um spin-off deste blog só para falar de doenças mais ou menos esquisitas. Senhoras e senhores, depois das amigdalectomias, da PTI e das hérnias, apresento-vos o favismo.

Quando pensamos que já nada nos pode surpreender, eis que de um momento para o outro, numa quarta-feira de Abril como outra qualquer (tirando estarmos a meio de uma pandemia, mas isso é a tal nova normalidade), começo a sentir-me fraco. Muito fraco.

Na quinta, mais fraco ainda, mal me levantando da cama e com dores de cabeça à mistura, suspeitando já do corona-bicho ter invadido o meu corpo, e na sexta, o susto derradeiro: cada vez que ia ao WC, ao invés de mijar… mijo, saía de dentro de mim um liquído que mais se assemelhava a vinho do Porto.

Além disso, e isso foi algo em que eu nem reparei mas que assustou (ainda mais) a minha querida esposa, estava amarelo em geral e no “branco dos olhos” em particular. Telefonema para a Saúde 24 como manda a lei, encaminhamento para o Hospital Garcia da Orta, de onde só saí uma semana depois…

O diagnóstico do que tinha na altura foi bem rápido, eu estava com uma forte anemia hemolítica e aquela urina não tinha sangue, mas estava com aquela bonita cor devido aos meus glóbulos vermelhos estarem a rebentar. O motivo disso estar a acontecer é que demorou a confirmar, porque a análise em causa é relativamente rara e foi enviada para um laboratório externo, e os laboratórios neste momento estão sobrecarregados por razões óbvias; mas a primeira médica que me observou desconfiou logo do problema, e confesso que me senti num episódio do Dr. House quando ela me perguntou “comeu favas?”.

Sim, tinha comido. À bruta. Ao almoço e ao jantar, no dia anterior (sou o único aqui em casa que gosto GOSTAVA de favas).

Então sucede que tenho favismo, uma condição genética que faz com que eu não tenha uma enzima chamada Glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e que é suposto proteger os glóbulos vermelhos de algumas substâncias existentes em certos elementos, e principalmente, nas p**** tas das favas.

Já tinha comido favas algumas vezes na vida, mas não tantas quanto isso (não é algo comum ou sequer conhecido no Brasil), e pelos vistos nunca em quantidade ou nas condições suficientes para me causar a reacção que causou desta vez.

Não cheguei ao ponto de ter que levar uma transfusão mas tive perto, tive um episódio de desmaio na primeira manhã pós-isolamento antes de vir o resultado do meu teste do covid (veio negativo), mas felizmente fui muito bem tratado no Garcia, e senti-me sempre, sempre seguro, com os milhentos cuidados e trabalhos acrescidos que eles tem neste momento devido ao covid.

Com isto descobri que essa doença existe, que vou ter que viver com ela e nunca mais ingerir ou passar perto desse alimento que outrora me fez as delícias, e que desde tempos imemoriais que ele é de má fama por causa destas e de outras, o famoso Pitágoras considerava-os inclusivé um símbolo da morte!

Tudo está bem quando acaba bem, e não posso deixar de terminar com o trocadilho mais previsível possível: calhou-me a fava.

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Leituras

Grande Sertão Veredas

Grande sertão, enorme livro. É a primeira vez que é editado em Portugal, é um clássico que me faltava, e é talvez o livro em língua portuguesa que mais me tenha impressionado até hoje. Vai me levar com certeza a mergulhar mais a fundo na obra do autor, João Guimarães Rosa.

O livro conta a história do jagunço Riobaldo, ao mesmo tempo narrador e protagonista, e tem como cenário o sertão brasileiro, os trilhos do gado e a relação diferenciada do herói (?) com outro jagunço, Diadorim.

Uma das coisas que mais impressiona é mesmo a falta de limites e regras na linguagem; não é um português “puro”, mas um português do Brasil e do sertão profundo, nunca deixando ainda assim de soar a erudito. Parece estranho, porque verdadeiramente é!

A segunda é a capacidade de imaginação e de convergência de tantas estórias, culturas, crenças, locais, saberes, descritos de forma tão minuciosa que é difícil acreditar que o homem não tenha de facto vivenciado o sertão no meio dos jagunços que descreveu.

Finalmente, é impressionante que tenha sido escrito em 1956, de tão revolucionário na forma e no conteúdo que é (até laivos de conteúdo “Brokeback Mountain” a coisa tem).

As páginas finais desta edição portuguesa da Companhia das Letras são dedicadas a um resumo cronológico da biografia do autor, não menos impressionante. Erudito desde tenra idade, formado em medicina e com uma carreira em diplomacia que o levou a passar pela Alemanha durante a Segunda Guerra (e a salvar alguns judeus pelo caminho, à la Aristides), teve a vida e a carreira literárias interrompidas demasiado cedo, aos 59 anos, pouco depois de ter sido indicado ao prémio Nobel da Literatura.Viesse ou não a ganhá-lo um dia, com certeza ficamos mais pobres com o seu desaparecimento.

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Depois do Medo

No passado dia 14 de Fevereiro, dia dos namorados em Portugal, eu e a Irina tivemos um dos nossos últimos momentos de normalidade a dois.

Nem costumamos ligar particularmente a essa data, mas aproveitamos já termos bilhetes para o espectáculo de stand-up do Bruno Nogueira no Altice Arena e desfrutamos completamente dessa noite a dois, após tantos e tantos meses sem um momento assim.

O espectáculo em si foi muito bom, não havendo propriamente uma forma clara de descrevê-lo, sendo basicamente uma série de divagações soltas e sem filtro sobre temas mais ou menos aleatórios da actualidade e da própria vida do Bruno; hilariantes os momentos em que ele usa os próprios pais (que estavam na plateia) como alvo, sem dó nem piedade, compensando-os no fim quando os chama ao palco e pede uma ovação do público para, parafraseando, eles sentirem por uma vez o que é ter tanta gente a gostar deles.

Olhando para trás, tem o seu quê de surreal só ter passado pouco mais de um mês sobre essa data, em que apanhamos trânsito e tivemos dificuldade em estacionar como numa qualquer sexta-feira em Lisboa, jantamos sushi e estivemos despreocupadamente no meio de milhares de pessoas num Altice Arena lotado.

E o título soava quase a premonitório…

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Os meus filmes de 2019

O ano passado só fiz isto em Janeiro, este ano já cai quase em Abril, ano que vem talvez lance em 2022 os filmes de 2020 🙂

Fora de brincadeiras, o meu top dos filmes de 2019 é bem fácil, porque não vi tantos filmes “do ano” assim. Foi um ano em que mais uma vez apostei muito em ver e re-ver clássicos (Spartacus, Psycho, Clockwork Orange, Orfeu Negro, entre outros) ainda me faltam ver alguns dos mais badalados (à cabeça, 1917, Parasitas, a Herdade), mas para manter a tradição, o meu top foi este:

Joker

Pelo filme que é, pelo que mexe comigo e pelo quanto excedeu as expectativas que tinha.

https://ygorcardoso.com/2019/11/03/joker/

Once Upon a Time in Hollywood

Porque quanto mais o vejo (já foram mais duas vezes depois do cinema), mais gosto dele.

https://ygorcardoso.com/2019/09/03/once-upon-a-time-in-hollywood/

The Irishman

Porque podia ficar as 3 horas e tal de filme só a ver o Joe Pesci a fazer de mafioso.

A única coisa que não me convenceu muito foram os tais efeitos de “rejuvenescimento” dos cotas, que nunca me parece ser assim tão natural, mas é algo que se torna secundário no meio da genialidade dos actores.

Uncut Gems

Porque acho que o Adam Sandler faz muito filme de merda mas não consigo deixar de nutrir alguma simpatia por ele, e por chegar ao fim deste filme e perceber que isso tem razão de ser.

Faz aqui um papel brutal que penso que merecia um hype bem maior do que aquele que teve.

Variações

Porque não fica a dever absolutamente nada a nenhum biopic “estrangeiro”.

https://ygorcardoso.com/2019/09/28/variacoes/

Klaus

Porque foi o único filme de animação que me prendeu verdadeiramente este ano, demonstrando que há sempre qualquer coisa de original que se consegue fazer com a velha fórmula natalícia de derreter um velho coração gelado.

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Essa Gente

Se o livro anterior (O Irmão Alemão) já me tinha deixado sentimentos mistos, este novo romance do Chico Buarque não me convenceu mesmo, de todo.

Anunciado pela editora como “uma tragicomédia urgente que encara de frente o Brasil de agora”, acho que peca precisamente pela forma forçada como vai tentando chamar a atenção para os problemas do Rio de hoje (intolerância, extremismo, desigualdade, etc.); pela inteligência e pela mestria nas palavras que ele tem, esperava uma sátira mais mordaz mas menos denunciada.

É uma leitura fácil e até cativante, tem umas trocas interessantes de narrador e umas misturas entre discurso directo e delírio, mas esperava um toque de génio que me deslumbrasse mais.

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