Andanças

Grécia – Santorini

Ao contrário de Naxos, de Santorini já tinha ouvido falar bastante e tinha definido como paragem obrigatória nesta passagem pela Grécia; há uns anos atrás trabalhei com um grego que me disse que se tivesse que escolher uma das “suas” ilhas para visitar que fosse esta. Assim o fizemos e não nos arrependemos: por mais turística e repleta de gente que esteja (que até nem foi o caso nesta altura), a ilha da Santa Irini é de uma beleza absolutamente arrebatadora, desde o primeiro momento em que lhe deitamos a vista.

O porto de Athinios (onde atracam os serviços de ferries) dá logo uma bela impressão do que virá a ser o resto: um pedacinho de asfalto encrustado num declive muito íngreme de rocha vulcânica cheia de cores (como em boa parte da ilha), de onde saímos após uma subida alucinante, cheia de curvas e contra-curvas e rasgos de belíssimos panoramas marítimos. Chegamos até ele através da Blue Star Ferries, depois da Hellenic Seaways ter dado banhada e cancelado os barcos em que era suposto chegarmos e partirmos.

Fora esta, qualquer viagem que se faça nesta ilha é uma oportunidade para ficar de boca aberta com os imensos pontos perfeitos para as fotografias: quando achamos que encontramos a melhor vista, andamos mais 20 minutos e já estamos em outra ainda melhor. Não há como não destacar Oia, sendo que fotos e palavras não chegam para descrever o quanto me surpreendi com esta vila: ia com um certo preconceito por achar que era um local muito “retocado” e demasiado polido para turista ver, mas é sem dúvida um dos locais mais bonitos onde já estive. Nota negativa apenas para a exploração que é feita aos burros: é uma atrocidade os animais passarem o dia a carregar turistas (e a levar paulada dos donos) por uma imensidão de escadas, apenas por graça, pois existem alternativas  (teleférico, carro… caminhadas!).

Optamos por ficar em Kamari, lugar de praia (de calhau, mas de água boa), próximo do aeroporto, bastante plano e com tudo ao pé. Ficamos no ApartHotel Zacharakis Studios, que seguia bastante a onda de hotel familiar do anterior, com um dono muito conversador e extremamente prestável.

Tivemos uma sorte mista com o clima nos dias em que lá estivemos: se por um lado não ter estado demasiado calor permitiu-nos não sofrer muito nos passeios que fizemos, ter havido chuva a sério e bastante vento no seguimento em um dos dias levou-nos a pensar que um dos nossos planos sairia frustrado: o de fazer um tour de barco pela ilha e pelo vulcão vizinho.

Felizmente a coisa melhorou e no nosso último dia tivemos direito a isso: os tours de barco não são propriamente baratos, mas valem muito a pena: temos perspectivas espectaculares da ilha, ficamos a conhecer melhor a sua história, paramos nos melhores (e mais isolados) sítios para saltar do barco e nadar e tipicamente incluem uma refeição preparada pela tripulação (o típico churrasco de souvlakis/espetadas e saladas, que cai sempre bem). Estivemos mesmo, mesmo para marcar com antecedência no getyourguide.com, mas o meu instinto levou-me a arriscar e marcar por lá e deu certo; saiu-nos por quase metade do preço (a tal lábia do dono do hotel levou-o a convencê-los a não cobrar nada pelas crianças quando ligou a fazer a marcação) um tour semi-privado (10 pessoas a bordo).

Por ser um local mais turístico, devo dizer que não comemos tão bem nesta ilha, mas há um sítio em Kamari que segue o conceito de Mezze (basicamente tapas/petiscos gregos) de uma forma espectacular: chama-se Pinakio, e garantam que façam uma reserva no dia anterior, porque à primeira tentativa batemos com a porta na cara. Bons petiscos, muito boa onda.

O regresso para Atenas teve que ser de avião, na Sky Express, num bi-motor ATR42. Combinando a confusão no aeroporto de Santorini (que é pouco mais do que um barracão), o atraso que o voo teve, a proximidade com a partida do voo de Atenas para Lisboa, o porte do avião e o vento que estava resultaram numa experiência… diferente e no mínimo interessante, para ter mais algo para contar, mas a bem do vosso coração, recomendo que marquem um barquinho e que seja com uma folga maior.

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Grécia – Naxos

Conforme tinha escrito no post anterior, queríamos desfrutar por alguns dias de um lugar mais calmo e com boas praias para torrar, e Naxos revelou-se uma escolha acertada nesse sentido. Confesso que nem sequer de nome conhecia esta ilha (a maior das Cíclades e, de acordo com a mitologia, onde Zeus nasceu) até há bem pouco tempo, mas descobri-a num site ao qual incontornavelmente vamos parar quando começamos a pesquisar sobre férias na Grécia: o do Santorini Dave.

Como o nome indica, ele é um apaixonado por Santorini mas não só, é um entusiasta de viagens em geral e da Grécia em particular, e a ilha que ele considera ser a mais “family friendly” é precisamente esta. Spot on. Chegamos até lá através de um ferry da Hellenic Seaways, numa viagem de mais ou menos quatro horas absolutamente tranquila, tanto pelo conforto do bicho quanto pelas facilidades a bordo (se forem em época baixa, como nós, paguem apenas a classe economy, porque depois deixam-vos sentar em qualquer lado), mas não recomendo esta companhia, pois cancelaram-nos os barcos de e para Santorini mesmo em cima da hora (no post sobre Santorini já falo sobre isto em mais detalhe).

As meras viagens de ferry entre ilhas são por si só passeios que valem a pena, pois obtém-se uma perspectiva bem interessante da “vizinhança” e da paisagem de várias delas, e o desembarque por via marítima tem todo um outro encanto que não existe no de via aérea.

Optamos por alugar carro na ilha, “orientado” pelo Stravos, o dono do nosso hotel, o Anatoli Hotel; é um hotel muito simples e familiar, com a família que o gere revelando simpatia e atenção extraordinárias. Diria que o carro não é absolutamente indispensável mas é bastante útil para explorar a ilha, que não é tão pequena quanto isso e, apesar de ter excelentes praias um bocado por todo o lado à mão de semear, tem as melhores em sítios mais ou menos distantes ou isolados a nível de transportes. Faz-se, mas com maior esforço.

Todas as praias são de águas calmas e areia “como deve ser” (ao contrário de outras ilhas com pedra/areia preta), com bastante espaço para estar à vontade e bem servidas de organização (chapéus, bares, restaurantes) quando assim convir; normalmente nem sequer se cobram pelos chapéus de sol, bastando consumir qualquer coisa nos bares de apoio, por mínima que seja. A nossa preferida foi sem sombra de dúvida Plaka; a limpidez, a temperatura da água e a vista para a ilha de Paros é em tudo semelhante às restantes, mas a calma e a envolvente em redor fazem a diferença. Agios Prokopios leva uma menção honrosa (e é a praia da foto que ilustra o post).

Tivemos bastante sorte com o clima, pois apanhamos sol e calor abrasador em todos os dias excepto num, e nesse aproveitamos para explorar um bocado mais a pé os meandros antigos da capital (Hora), que possui bairros muito interessantes do tempo em que estavam sobre domínio Veneziano (incluindo um castelo dessa era), a Portara, a porta do templo inacabado de Apolo, que tem mais de 2500 anos e é um bocado o ex-libris da ilha e das primeiras coisas em que reparamos ao lá chegar, e o vilarejo de Apollonas, do outro lado da ilha e que tem um recato um bocado menos turístico e ainda mais pacato.

Tenho que fazer menção a um restaurante, pois foi onde fomos jantar todas as quatro noites, sem excepção, o To Elliniko; por mais que quiséssemos experimentar outra coisa, a Carol ficou encantada com ele e quis lá voltar sempre, o que nunca aconteceu com nenhum restaurante que não o McDonalds, portanto aproveitamos a deixa e não contrariamos. Excelente ambiente (o restaurante é todo em esplanada ao ar-livre), dono e staff super-simpáticos e com pratos muito bons, dos quais destaco o Kleftiko (cabra nova no forno com legumes) e a tradicional Moussaka grega, que está disponível em todo o lado mas foi o sítio onde a achamos com melhor aspecto e estava divinal; a Moussaka é uma espécie de lasanha, mas com carne de borrego/carneiro e carregada com beringela e especiarias. Mais uma vez, aqui também se segue a tradição de trazerem sempre uma sobremesa incluída, ora gelado, ora melancia, ora outro doce qualquer que não percebemos o nome 🙂

O próximo porto foi o de Athinios, em Santorini, destino sobre o qual escreverei no próximo post.

 

 

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Grécia – Atenas

Este ano o nosso Verão começou na Grécia, nomeadamente na sua anciã capital, Atenas, e em duas das ilhas do arquipélago das Cíclades, Naxos e Santorini.

A Grécia tem imensas ilhas e o nosso objectivo passava por conhecer nesta viagem pelo menos duas delas; o racional foi tentar balancear entre uns dias de praia pura (Naxos) e outros mais de passeio e de calibre “paisagístico” (Santorini). Atenas seria sempre o ponto de conexão e um destino à partida interessante por si só, e foi por onde começamos.

Voamos directamente de Lisboa para Atenas pela companhia nacional Aegean Airlines, num voo red-eye que partiu pela meia-noite alfacinha e aterrou às seis da manhã locais, o que nos permitiu desfrutar de dois dias completos até ao nosso primeiro barco rumo à insularidade.

Confesso que não fiquei encantado com a capital grega. Atenas é um verdadeiro caos em todos os sentidos, a arquitectura não parece ter grande critério, parte da cidade está num estado de conservação duvidoso e, para piorar, o lixo é algo que abunda por todo o lado (dou o benefício da dúvida se teremos tido azar ou se será sempre assim).

Deixando de lado as partes más, o que efectivamente me agradou e surpreendeu foi a hospitalidade de todas as pessoas com que nos cruzamos, começando pelo nosso host do Air BnB que, além de ter um apartamento muito jeitoso (com um jacuzzi no terraço que depois de um dia de caminhada no calor infernal de Atenas é um verdadeiro oásis), forneceu-nos um mapa (em versão física e digital) com dicas muito boas, incluindo os locais recomendados para comer “like a local and not like a tourist“. Come-se (e bebe-se) extremamente bem e a preços razoáveis por aquelas bandas, sendo que algo que aprendi rapidamente foi a não pedir sobremesas ou digestivos, pois é algo que invariavelmente nos trazem como oferta no fim, por mais que insistamos que não.

A zona onde ficamos (Monastiraki) é bem pitoresca, uma amálgama de bairro tradicional, conjunto de feiras a céu aberto e onda hipster. De lá é possível apanhar facilmente o metro, que funciona bem e tem a parte interessante de possuir em várias suas estações relíquias e exemplares da Grécia Antiga.

Falar de Atenas e da Grécia Antiga é falar da Acropolis, o ex-libris da cidade e sem dúvida o seu merecido ponto alto. É sem dúvida de uma imponência impressionante, nota-se que aqui sim há um esforço de conservação e preservação notório, e merecia uma visita mais aprofundada da nossa parte, que fica para quando os miúdos tiverem paciência e pernas para tal.

Uma nota para uma caminhada filha da **** que fizemos com os putos às costas para chegar até ao teleférico de Mount Lycabettus: é sim senhor um sítio privilegiado para se ter uma boa vista sobre a cidade mas, na minha opinião, não deslumbra nem compensa o esforço (podem sempre ir de táxi).

Das ilhas falarei nos próximos posts.

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