Paternidade

Um Ano

IMG_20160417_144552

Faz hoje precisamente um ano que nos tornamos quatro. Tudo aquilo que vivemos facilmente se transforma numa aventura; nem sempre no bom sentido, mas cada vez faz mais sentido viver.

É óbvio que a chegada do segundo filho já nos encontra com mais estaleca no que à paternidade diz respeito, mas a realidade é que nunca estamos verdadeiramente preparados para tudo aquilo que vamos viver, e isso é fascinante.

O Francisco tem sido mestre em surpreender-nos praticamente desde que nasceu. Primeiro, na parte física, que em muito pouco ou nada se assemelha à irmã. Depois, em tudo o resto, onde as diferenças se tornam ainda mais vincadas. Um exemplo simples: comida. O que a Carolina encara como um sacrifício, ele mostra-se capaz de devorar este mundo e o outro. E por aí vai.

Mesmo com todo a logística que aumenta e com o descanso que escasseia (ainda mais), não há melhor presente para dar a uma criança do que um irmão, e o Francisco tem sido um irmão espectacular. Apesar de diferentes, eles são complementares e muito semelhantes na forma como nos desarmam e nos tem completamente nas mãos.

Talvez pela própria convivência com a mais velha, parece-nos que a desenvoltura dele tem evoluído com maior velocidade. É o chamado “fazer pela vida”. Ela alterna momentos de super-protecção em relação ao irmão com rasgos de ódio e de nunca mais o querer ver à frente. Ele consegue ser a criatura mais meiga do mundo e a mais bruta ao mesmo tempo; faz tudo com um sorriso enorme na cara, mas tão facilmente nos brinda com uma gargalhada quanto nos prega uma bofetada logo em seguida.

Costumamos dizer na brincadeira que ele é o último dos Cardosos. Do lado paterno, o meu avô teve quatro filhos, sendo dois deles homens e um destes o meu pai. O meu tio só concebeu meninas e, de homem, o meu pai só tem a mim.

Não tenho como prever o futuro, mas sinto que os Cardosos estarão sempre muito bem representados.

Standard
Andanças

Lagoa do Fogo, São Miguel, Açores

IMG_20160508_140556

A Lagoa do Fogo é um lugar espectacular, mas parecia que o destino não queria que o comprovássemos.

Na primeira vez em que tentamos lá ir, no nosso segundo dia de viagem, estava um nevoeiro terrível e não víamos um palmo à nossa frente. Acabaria por abrir à tarde, mas já tínhamos ido à outra ponta e decidimos não voltar para trás.

Na segunda, pior ainda. Íamos felizes da vida, com um sol espectacular a iluminar o nosso caminho quando, a seguir a uma curva, deparamo-nos com um carro parado na faixa contrária à nossa, a tirar fotos às vacas. Olhamos e comentamos um com o outro a parvoíce que aquilo era, e com essa distracção não vimos que havia outro carro parado, desta vez na nossa faixa, e embatemos neste com alguma violência, apesar de irmos a baixa velocidade.

Tirando o carro, que ficou com a frente completamente espatifada, a única de nós que sofreu algumas mazelas maiores foi a Carolina, que bateu com a cara no banco da frente e fez duas escoriações que lhe encheram de sangue, mas que felizmente não resultaram em nada de mais grave senão no enorme susto que apanhamos. O Francisco, depois do susto inicial, só se ria o tempo todo, como é de seu costume.

Apesar da falta de sorte, ficou mais uma vez demonstrada a simpatia e a prestabilidade do povo Açoriano; ao longo desta “aventura” todas as pessoas foram extremamente atenciosas, desde a própria família que estava no outro carro, até ao reboque, os bombeiros e toda a equipa que nos socorreu no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.

Fica a lição de que as estradas de São Miguel, não parecendo, acabam por ser perigosas. Tem tão pouco movimento que deixam alguns condutores demasiado confiante, e são tão belas que deixam outros demasiado extasiados.

13148390_1172071826160412_1447746411_o

Como somos uma família persistente e destemida, voltamos lá no dia seguinte e à terceira foi de vez! Valeu bem a pena, porque além da paisagem deslumbrante, nos arredores da lagoa temos também a Caldeira Velha, que é mais um local com águas termais onde podemos (e devemos!) ir a banhos, que apesar de combalida a Carolina insistiu muito para experimentar, e com razão. Mais uns banhos deliciosos, e em maior comunhão ainda com a natureza.

Tudo está bem quando acaba bem, em banho quente.

Standard
Andanças

Lagoa das Sete Cidades, São Miguel, Açores

PANO_20160505_154516

Esta é a maior Lagoa da Ilha de São Miguel e uma das imagens mais conhecidas dos seus cartões postais.

Além da dimensão e de toda a envolvente que a rodeia, o que a torna tão chamativa é a sua coloração dupla, com diferentes tons de azul e de verde separados por uma ponte de pedra.

Todo o caminho até lá chegar é extremamente belo, sendo que o miradouro mais famoso é o da Vista do Rei, que assim se chama por ter lá estado o Rei D. Carlos em 1901, em visita à ilha. Na Lagoa em si, é possível fazer canoagem, paddle surf e ver a todo o momento peixes enormes (trutas?) a dar saltos acrobáticos de um lado para o outro.

Tivemos aqui um momento quase mágico. Depois de muito passearmos e admirarmos a beleza envolvente, a Carolina começou a queixar-se que queria ir ao parque. Dissemos-lhe que iríamos à procura, mais numa de irmos embora, e decidimos entrar na freguesia de Sete Cidades, só para espreitar e dar meia volta para trás.

A freguesia, minúscula, tinha sim um parque infantil, extremamente bem cuidado, que lhe fez ganhar o dia, e a nós pontos.

Standard
Andanças

Furnas, São Miguel, Açores

IMG_20160504_114221

Furnas é um vilarejo bastante simpático, cujos principais motivos de interesse giram à volta da actividade vulcânica que possui. Essa actividade dá origem às fumarolas, que dá origem aos cozidos das furnas (já lá vamos), e ao aquecimento das águas que por lá correm.

13147880_1169578336409761_689671548_o

O primeiro banho quente que experimentamos foi o da Poça da Dona Beija, que tem um conjunto de piscinas pequeno, mas muito bem cuidado. À primeira vista a água parece quente demais (está à volta dos 30ºC), mas depois de entrar, é uma delícia. Foi uma boa surpresa especialmente para mim, que não sou grande fã de água muito quente, mas estar dentro destas piscinas aquecidas naturalmente tem qualquer coisa de diferente que sabe mesmo muito bem.

IMG_20160504_134751

Escolhemos de antemão o cozido do Restaurante Tony’s, que é dos mais falados por essa internet afora. Tivemos alguma sorte, pois cometemos o erro crasso de não fazer reserva e deparamo-nos com o restaurante cheio. Felizmente conseguiram acolher-nos num snack bar improvisado que fizeram junto ao terminal dos autocarros e para onde disponibilizam-se a levar a comida do restaurante, do outro lado da rua, onde até acabamos por ficar mais à vontade. O cozido em si é bom. “Só” bom, não é algo de extraordinário, mas também não sabia nada a enxofre, como já ouvi dizer, e a carne fica bastante tenra, por cozer tão lentamente. Todos gostamos.

Como comemos essa coisinha leve, partimos para banhos outra vez da parte da tarde, desta vez no Parque Terra Nostra. A piscina aqui não é tão límpida, mas é bastante ampla e sossegada, o que no conjunto é mais agradável. A envolvente do Parque também é algo de espectacular, com lagos e jardins cheios de cores, e vida animal a embelezá-los. A entrada é um bocado mais cara do que a média, mas na minha opinião vale a pena.

Um ponto obrigatório de passagem em São Miguel, e o meu preferido da nossa viagem.

Standard
Andanças

Ilha de São Miguel, Açores

Tínhamos receio que a segunda viagem de avião do Francisco fosse mais complicada que a anterior; afinal, ele já gatinha (quase/meio que anda), e tem dificuldade em ficar um minuto que seja parado. No final, foi bastante mais tranquilo do que esperávamos, com sestas grandes incluídas e tudo.

Mal aterramos a Carolina perguntou “mas já ‘tamos no Açores? eu não ‘tou a ver vacas!”, e a verdade é que não tardaria mesmo nada até que nos deparássemos com elas. O aeroporto João Paulo II é bem pequenino; mal saímos porta fora estamos no estacionamento, e mal saímos deste é vê-las pastar por tudo o que é enseada.

Alugamos carro na Ilha Verde, que tinha sido recomendada por um amigo e que confirmei ter dos preços mais baixos. Tive foi um choque inicial grande na entrega do carro: o rapaz que nos atendeu tinha um sotaque cerradíssimo, e foi mais complicado entendê-lo do que a alguns irlandeses ou indianos que já apanhei. Me senti verdadeiramente estrangeiro. Tive outro choque, mais literal, relacionado com o carro, mas já falo dele mais à frente.

Ilha Verde é um nome extremamente apropriado, pois essa é a cor que mais abunda por todo o lado. Chega a fazer impressão: parece que toda a ilha levou com um filtro de photoshop ou algo do género. É um lugar verdadeiramente belo, quase encantado, e de visita obrigatória para todos os que tenham oportunidade de fazê-lo. Especialmente os portugueses, que na ânsia de correr mundo esquecem-se que possuem no seu próprio país territórios maravilhosos. Da nossa parte, fica na lista conhecer as restantes oito ilhas do Arquipélago.

Não queria entrar em comparações com a Madeira porque além de não ser justo, a minha opinião será sempre tendenciosa, mas não consigo deixar de fazê-lo num ponto: as Lapas. Perdoem-me, mas as da Madeira são melhores! Maiores e mais tenras. Não deixam, no entanto, de escorregar muito bem, e em tudo o mais no quesito culinária os açorianos são fortes. Comi provavelmente os melhores bifes de atum da minha vida, bem como alguns espectaculares bifes de vaca, por preços que se podem considerar irrisórios, quando comparados com os “continentais”.

Podemos também dizer que os açorianos em geral são um povo bastante acolhedor e simpático para com os seus visitantes, fomos muito bem tratados em todo o lado.

Vou falar individualmente de alguns dos principais pontos de interesse nos próximos posts, que este já vai longo.

Standard