Cinemadas

Estômago

Estômago, Uma História Nada Infantil Sobre Poder, Sexo e Gastronomia. Das melhores surpresas cinematográficas que tive nos últimos tempos.

Nonato é um emigrante nordestino que chega à cidade com uma mão à frente e outra atrás, e que descobre num boteco de esquina que tem um talento inato para a culinária. O dono de um requintado restaurante italiano do bairro oferece-se como seu mentor, mas o seu amor por uma prostituta e algumas peripécias pelo meio levam-no à prisão, onde mete os seus dotes de aprendiz de chef a serviço da sua sobrevivência.

Humor negro, de timing exacto e alguns twists muito bons, bem acompanhados por cinematografia, banda sonora e actores a serviço de personagens que se movem num ambiente de uma inocência que no fundo não existe em nenhum deles.

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That’s my woman

No mês passado a Irina deixou para trás 5 anos de Minipreço. Meteu ela própria a carta, instigada um bocado por mim e muito pela desorganização da empresa, falta de adequação às condições físicas (hérnias) dela e falta de consideração pelo seu trabalho. Paralelamente, dedicou-se ao sonho de entrar na faculdade e candidatou-se à Licenciatura em Psicologia, na Universidade Lusíada, de Lisboa.

Temos total consciência de que foi uma jogada arriscada, mas muitas vezes só arriscando é que mudamos para melhor. Mais que isso, o que quer que acontecesse tínhamos e temos um ao outro, e essa é a chave.

Bom, sem mais demora, depois de muito stress por estar parada em casa (mesmo por pouco tempo) e não ver nada acontecendo, ela teve na quinta-feira a notícia de que efectivamente vai ser psicóloga e ter plenos poderes para tratar do maluco que tem em casa, e que vai ter um emprego em part-time passível de conciliar com os estudos, aqui perto de casa.

A haver moral da história, e depois de termos passado ambos um início de ano complicado, não é que se tivermos fé e formos positivos as coisas melhoram; isso ajuda mas não chega. Se corrermos atrás as coisas melhoram, e se não estivermos satisfeitos, temos mesmo que correr atrás. E, last but not least, amar assim ajuda imenso.

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Zoolanders

Aproveitando o feriadão, eu e a mulher amada agarramos nos sobrinhos e cumprimos uma visita ao Zoo de Lisboa que já estava prometida há muito tempo.

O objectivo era, além de matar saudades e proporcionar um dia bonito aos putos, ver in loco as tais remodelações que andaram por lá a fazer há relativamente pouco tempo. Não saímos defraudados, pois  nota-se um esforço em proporcionar um espaço mais agradável e mais “natural” aos animais, apesar de ainda por lá haver umas quantas jaulas mais deprimentes ou um tanto exíguas.

Bons exemplos são o “templos dos primatas” e o “vale dos tigres” que, mais do que serem amplos e bem bonitos esteticamente, dão a impressão de serem desenhados mais em função dos animais do que do público, além de incluírem também bastante informação didáctica e de iniciativas de consciencialização, de uma forma simples.

Uma nota especial para os animais que andam fora da jaula; como nós, muita gente teve a mesma ideia, e o zoológico estava particularmente cheio. Como nós, muita gente levou farnel para aproveitar o parque de merendas, e o parque estava cheio. Mas não estava cheio de gente a comer, estava cheio de malas. Na típica mentalidade tuga, o pessoal chegou lá de manhã e “reservou” as mesas e foi passear, ao invés de partilhar e ir rodando. Fica pra… qualquer merda.

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Leituras

Terras do Sem-Fim

Fazia um bom tempo que eu não lia um clássico, na verdadeira acepção da palavra. Este foi emprestado, em edição antiga, com textura, cor e cheiro a clássico. Terras do Sem-Fim é mais um excelente romance de Jorge Amado que, como Tieta ou Gabriela Cravo e Canela, deu em novela.

O livro retrata o desbravamento e expansão de parte do território do estado da Bahia, com a chegada da “febre” do cacau à região, no início do século XX. De uma era em que a escravidão já havia sido abolida formalmente mas em que o visgo do cacau e a perspectiva de um futuro melhor mantinham presos e obcecados diversos homens, e em que imperava a lei da bala e do facão dos coronéis.

Dois coronéis são o centro da narrativa, Horácio da Silveira e Sinhô Badaró, que disputam de forma acirrada cada palmo de terra da mata de Sequeiro Grande, mas o verdadeiro personagem central do livro é a própria terra, a mata que enfeitiça e consome as mais diversas e rocambolescas personagens e o próprio leitor, pela pena do mestre. Com muita história de amor e de sangue pelo meio.

Depois de Capitães de Areia (este no topo) e Gabriela, confirma-se que não há livro de Jorge Amado de que eu não goste.

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